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Eu sou o que você pensa

Eu sou o que você pensa

Eu gosto muito de estudar física e matemática e uma das coisas que mais me fascina e me liberta nesses estudos são as questões relacionadas ao “referencial tomado”. Por exemplo, para uma pessoa que está sentada, viajando em um trem as outras pessoas no trem estão paradas ou, em termos da física, estão em repouso. Mas para quem está na estação, olhando o trem passar a visão é de que as pessoas estão se movimentando com a velocidade do trem. O trem e as pessoas são únicos, mas os olhares são diferentes sobre a mesma coisa, gerando assim impressões diferentes.

Isso se aplica à nossa vida diária, sobre como nos relacionamos com as pessoas, e que impressões estas pessoas têm de nós. Esse conjunto de impressões não é possível ser escrito em um papel e lido para se saber quem sou, pois a impressão que cada um tem do outro está na mente de diferentes pessoas, ficando assim fora de nosso controle.

Se você pensa que eu sou um idiota, não faz a menor diferença para você o que eu penso, porque essa é a sua impressão sobre mim. Da mesma forma, se outra pessoa considera que eu sou inteligente ou agradável, esse é um conceito formado na mente dela. Portanto, eu sou idiota e inteligente ou agradável dependendo do “referencial tomado”.

O legal começa aqui. Você pode mudar a sua mente ou as suas atitudes e aquela pessoa que o considera um idiota assim como a que o considera inteligente ou agradável, podem continuar a ter o mesmo conceito de você ou o mesmo “pré-conceito” a seu respeito, ou como quer que se chame a ideia que temos do outro.

Você pode não mudar em nada a sua mente e nem o seu comportamento e a mesma pessoa que o considera idiota, após “sofrer” alterações de outros acontecimentos ou ser influenciada por outras pessoas, pode passar a considerá-lo inteligente ou agradável. Da mesma forma, as marcas e influências de fatos e pessoas, podem fazer com que a pessoa que o considera inteligente e agradável, passe a considerá-lo um idiota, altamente desagradável.

Pelo estudo de análise combinatória – matéria que é praticamente um karma para mim – pode-se imaginar o número de combinações possíveis para estas impressões, ideias e pré-conceitos. E veja que estamos tratando apenas com três elementos em seus “status” iniciais: eu, uma pessoa que me considera um idiota, e uma outra que acha que sou inteligente e agradável. Imagine agora em seu círculo familiar, depois passe para o ciclo de amizades, logo após para sua cidade, país e, finalmente, o mundo. Mais de sete bilhões de mentes que se alteram a todo momento e são influenciadas por fatos, impressões, medos, dores, ideias, pessoas e tudo mais que existe por aqui. Isso, sem falar das criaturas que, apesar de não terem o cérebro muito evoluído, também têm suas impressões (uma abelha me vê de uma forma muito diferente do que minha adorável Manu, que é uma cachorrinha).

Portanto, não me preocupo muito com o que acham de mim, pois eu nunca saberei ao certo. Tento, no máximo, ser eu mesmo e pronto.

Assim, eu não sei ao certo o que sou, pois eu sou o que você pensa.